sexta-feira, 20 de julho de 2007

Já repararam como o tempo toma proporções demasiadamente pequenas se comparadas àquilo tudo que acontece dentro dele? Ou como as coisas ocorrem de maneira adimensional em relação ao tempo que nos é oferecido? Pode até ser que se trate de uma questão de sensações. Vai muito de cada um. Mas de forma genérica, eu creio que a todos é remetida a sensação de que tudo tem acontecido tão desenfreadamente. 
De quando em vez, eu desejaria ter o tempo como minha propriedade: corre quando eu quiser, desliza quando eu quiser, pára quando eu quiser, volta quando eu quiser, avante quando eu bem entender. Mas nesse caso eu estaria impedindo a ordem natural das coisas, o que não me atribui um conforto. Eu gosto de saber, e também de acreditar, que as coisas transcorrem naturalmente. Na verdade não era nesse mérito de me preocupar em como os acontecimentos decorrem que eu queria entrar, mas no domínio do tempo em que estes acontecimentos estão inseridos. Há sempre uma vontade de recuperar momentos em que o tempo se encarregou de torná-los remotos, ou de distanciar outros momentos em que é necessário deixá-los afastados. Embora eu ache que o que prevalece é conservar na memória, e consigo, somente os instantes que proporcionam conchego e, ainda melhor, os instantes de felicidade arrebatadora que vêm rasgando lá de dentro até sair por entre nós como se a cada segundo fosse iniciada mais uma vez a felicidade, parecendo sempre estar fresquinha - tão bom. 
Acho que eu cheguei a uma outra conclusão: o que eu quero mesmo é guardar no bolso, no peito - em mim - os meus momentos, independentemente do tempo.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

"Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço

- não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo."


(Cecília Meireles)




Às vezes eu acho que estou cansada.
Às vezes eu acho que é preciso.
(...)

sábado, 14 de julho de 2007

É engraçado como o tempo passa e algumas coisas vão-se tomando outras formas, melhores ou piores. Existem referências que devem ser de fato embasadas em mudanças, transformações, renovação; afinal, é para isso que, ao meu ver, o tomar de sentido se justifica: quase tudo é passível de aperfeiçoamento, o que, necessariamente, implica na variação e modificação de fatos que decorrem. Portanto, o sentido da variação se dá na finalidade que ela acarreta. Mas acontece que, embora haja a longínqua sucessão dos acontecimentos, algumas propriedades fincadas deveríam atuar como a exceção da regra: naquilo que se diz respeito, como exemplo, à "essência". As pessoas acabam esquecendo o quão importante é, por maior aperfeiçoamento que você procure, manter a natureza de originalidade de tudo. Eu concordo que o exercício de melhoria deve ser praticado, mas também acho que a conservação do substancial é o que te assegura do não-desvirtuamento. Não sei ao certo, mas pode ser que seja a maneira como o mundo se encontra hoje; o pragmatismo, a correria, os sentidos desordenados e destoados em razão do imediatismo... Não se cultiva mais o espírito da paciência, da compreensão, de aceitação. Por mais que o questionamento seja imprescindível, mas a aceitação em específicos aspectos é fundamental. Enfim, são interferências que vão tomando conta e depreciando aquilo que se julga ser realmente essencial: a "estirpe" dos princípios e convicções. Afinal, preservar é também mudança, não-inteira, mas 'mudança do permanecer'. Eu me fundamento inteira na variação, porém defendo que existem coisas que não devem mudar nunca - ao menos na sua essência.

sábado, 7 de julho de 2007

Calma, calma! Do que adianta, pra quê adianta? O que parece que sim, pode ser que não. Aquilo que pode não ser, talvez pareça que sim. E quem sabe? Ninguém nunca sabe. Estou mesmo me perdendo (mais) em mim. Eu me perdi: achei-me. O embaraçoso me transborda agora.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Às vezes uma súbita vontade de escrever me apreende de maneira inesperada e eu me vejo sempre assim, incostante. Acho que é uma vontade maior do que mim mesma que vai tomando conta, e talvez isso seja bom. Não por achar que o que eu escrevo seja algo notavelmente extraordinário, mas porque a prática de exprimir minhas meditações através das palavras - embora nem sempre seja um exercício possível - é reconfortante, como uma espécie de trabalho espiritual que alivia aqui dentro, ou qualquer outra coisa que proporcione uma próxima sensação disso. E, cá pra nós, não chega a me interessar que pra você seja notável, me interessa a minha satisfação. Não que eu seja egoísta - ou melhor, totalmente egoísta - mas por se tratar de coisas minhas logo me vejo com o direito de tal idéia. Ou na verdade seja apenas um íntimo domínio dos meus pensamentos para que eles sejam abrigados de forma a eu poder ter acesso deles ao longo do tempo, sem que eles sejam esquecidos ou adormecidos ou despercebidos, e se é que isso também se trate de uma tarefa possível.
Enfim, aguardemos os momentos transitórios, que são verdadeiramente bem-vindos, e eu possa vir a comparar as idéias antecedentes.