sábado, 27 de outubro de 2007

‘Não existe
certo
nem errado
Todo mundo
tem razão
O ponto
de vista
é que é
o ponto
da questão.’

domingo, 14 de outubro de 2007

Um dia eu resolvi pensar sobre o que é pensar. É difícil. A princípio por encontrar indefinível consistência à fuga regulamentar dos pensamentos. Eu não consigo expor seguramente aquilo que me vem às idéias, devido à constante volatidade das minhas próprias idéias. Descubro que a minha tentativa de arrumá-las torna-se vã ao infindo trabalho de desarrumação em que elas - as minhas idéias - se encontram. Por vezes, eu chego a concluir que nós não deveríamos mesmo tentar articular nosso pensamento numa sucessão lógica. Ele é impalpável para (todas) estas finalidades. Simplesmente impalpável. Apesar de parecer que às vezes nós somos capazes de pegá-los, transferi-los, retirá-los ou colocá-los. Só parece mesmo.
Desconfio que, assim como o nosso sistema fisiológico, o sensitivo nos foi assegurado para servir de compensação ao funcionamento de outra parte de nós: o pensar. Como se fossem processos sistemáticos em busca de equilíbrio, porém transponíveis ao terreno do metafísico.
Comecei a pensar demais e já perdi alguns propósitos, já deixei escapar umas idéias, já me confundi. Está vendo? É sempre parecido com este jeito.
Mas o que eu tenho mais curiosidade é em compreender qual o processo extra-corpóreo que não permite o nosso mundo de dentro ser transmitido assim como conseguimos transpor ao externo até aquilo que, algumas vezes, nem queríamos que fosse embora da gente. Já pensou se tudo que pertencesse ao lado de dentro fosse exteriorizado? Muita balbúrdia. 
Talvez o universo, fora do plano científico entrópico, também seja um órgão sistemático que procura buscar suas compensações a favor do equilíbrio, e por isso nos deixe guardado aquilo que não deve estar de outro lado que não seja dentro. Sei lá. Talvez... ou não. Quem sabe até toda essa reflexão não se utilize em praticidade alguma.
A imprevisão sustenta a minha desconfiança. Desconfio tanto, que vou parar de tentar explicar o que, de forma simplória, seria o meu pensar. Se nem eu reconheço-me interiormente, quem dirá alguém que não consegue enxergar o meu avesso. É mesmo. Deixa, deu preguiça agora.