terça-feira, 28 de agosto de 2007

N’horizonte da minha vida
peço, lembro, vivo e vejo:
bendito seja esse troço de sensação
que me leva, me deixa, me move, me deita,
me olha, me escuta, disputa, e duelo:
eu fico no chão.
O bom é saber que em nada se pára
em tudo se busca, procura, repara
parada no meio, desfecho e começo
desordem que arruma, desfaz e recolhe
deitada, eu levanto: me leva, e me move

Para quem gosta de cores, assim como eu
para os que gostam de amores,
e sentem que
dos sentidos
ré-vive(u)

De longe eu sei que um bocado de paz
vem e lev’embora o que é sofrido:
a boca vira um sorriso
e como se faz preciso
o bocado se espalhar?
Espalho por todo o mundo,
espalho por todo em mim
que é pra não deixar rastro fatal
Será que eu fiz um sim
e disse um não?
Tomara que esse bocado
ressurja arrebatado
e mude esse
final.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Será que nós apreendemos o sentido do que realmente nos é necessário? Por vezes, e eu falo por mim, eu sinto que não. Simplesmente não. Ou a gente peca por sentir de menos, ou o pecado culmina no pensar demais. Pensamento atrapalha os sentidos. E eu confesso que não quero o equilíbrio entre essas duas coisas, porque a justa medida entre elas encontra-se no desajuste. Equilíbrio desajustado; tão difícil, tão difícil, indispensável.
No entanto, concomitante à busca do balanceado, eu exijo o desmedido, o desmedido!
Ainda não estou terminada, ainda não me terminei. E nem quero. Eu quero sempre a busca, procura, e repouso. E ‘Deus me livre de ter medo agora, depois que eu já me joguei no mundo. Deus me livre de ter medo agora, depois que eu já pus os pés no fundo’
Deus, 
me livre...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Tem horas que me acomete uma vontade de jogar tudo pro alto, pros lados, pra trás. Horas em que o cansaço sobrepõe-se, dificultando a clareza de outras perspectivas, por outras perspectivas. A tudo aquilo que se faz em mim e é de mim se apresenta à minha vista, eu diria que muitas vezes, sob muitas perspectivas. No mínimo, a carência de sentido seria profunda se não houvesse a declinação dos muitos pontos de vista. São eles que ora me arremessam, ora me arrancam, me arrastam de onde eu faço de um tudo para não estar.
Tem horas em que tudo passa, todos passam e nada passa. Tudo fica, tudo vai, tudo volta. Horas em que se está e não está, sabe e não se sabe. Não é que eu goste de extremos, eu só não gosto de indecisão. Pra mim é sabe ou não sabe, é fica ou não fica, é passa ou continua. Odeio sentir o meio-termo: é ele que responde por nossas hesitações, por nossas relutâncias ao pôr em risco e aventurar-se. Ou é ou não é. Odeio o meio-termo porque ele me remete medo e eu não quero o medo. Pelo menos agora; eu não quero o medo. Desnecessário.
Eu quero a precisão, necessito-a presentemente. Precisão, porque agora o medo me amedronta, e a última coisa que me é necessária neste momento é a covardia; dispenso-a. 
Eu quero aquilo que me mantenha em mim. Aos poucos, mas inteiro. Por partes, e completo. Eu quero aos poucos, mas quero aos montes. Eu quero em tudo, eu quero tudo, até pegar de volta aquilo que me deu vontade de arrojar aos céus p'ralém de mim.