domingo, 10 de maio de 2009

Recorte

Quando estivera cama à dentro, a delongar miúdas recordações, é que viu quão tilintante eram os inventados. Ela devia segurar-se mais no chão, ter por onde passar, e ver mais à sua altura, não tão longe não tão alto. Lembrou-se de como arrependimento era estado recorrente. Mais ainda sobre os não-feitos. E as mãos sempre ali postas, em conducentes consolos apertinhos prontas a pôr termo aos próprios pesares. Por que se ocupava tanto com não-acontecimentos? Por quê? Acabava era perdendo o que já lhe acontecera, isso sim. Ficava só com as inexistências.
Custoso era fazer-se valer de que nada daquilo ali faria com que

Tudo bem. Yo no creo en tiempo, pero que los hay,
los hay.

2 comentários:

paulo disse...

fica quieta, mente incerta, que a paciencia é a virtude mais pura

aquieta esse soluco, coracao, que a pisada é dura

olhem pra frente, olhinhos, por que os peixinhos é que tem olhos pros lados

lembrar de viver somente o sonho possível, sem esquecer que nada é impossível pra um sonho apaixonado

lembrar que nem todo lencol nos deixa à míngua
nenhuma mágoa resiste à boa pinga

na manga da cor tinha uma pinha de sabor que nao se finda
pena que nem sempre o que se sonha se pode sentir na lingua

orlando pinho disse...

há tempo
aravessando o atemporal
há temporal
abaixo das nuvens grávidas

tiempo
hay
sólo
no
hay
tiempo