Sobre viver:
o que eu faço nesse mundo
tem passo fundo
tem passo passado e
em cada passo descubro
que o sonho devora
os sapatos, os pés, a cama, o tempo
Atento, eu vejo
estes inquietos
ventos andarilhos
suspensos em vida,
em trilha e tragédia.
Atravessa, em diagonal,
a página ainda em branco
uma formiguinha
mostrando como
tudo pode
surgir em atravancos — e
nos fios telegráficos
pousaram uma, duas, três, quatro
andorinhas
anunciando
que o fim da tarde,
o fim do cigarro
tem a tristeza de um
fim-de-linha.